Notas, impressões, versões e alguma verdade
Quando começamos a trabalhar com jornalismo, geralmente temos uma série de sonhos. O principal, eu diria, é a isenção, o distanciamento do fato que a profissão exige. A regra básica é ouvir todos os lados envolvidos na questão, sem dar peso maior a nenhum deles.
Logo percebemos que, por motivos diversos, a isenção jornalística é utópica. Os interesses político-comerciais são os principais impedimentos do bom jornalismo. Mas há outros problemas também, de ordem pessoal. Nossas influências podem, sim, alterar, ainda que de forma sutil, o teor de uma reportagem.
Como acontece em todas as profissões, temos uma dificuldade ainda maior de falar sobre a própria imprensa. Como relatar, por exemplo, que o colega de redação é acusado de um crime?
Em Goiás são dois exemplos, um deles bastante recente. Segundo o delegado titular da Delegacia Estadual de Homicídios, Jorge Moreira, a irmã de uma repórter da TV Anhanguera/Globo é a principal suspeita de encomendar o assassinato do marido, o piloto Leonardo Dias Siqueira Mello, morto dentro de casa a golpes de barra de ferro na madrugada do dia 14 de janeiro. Ontem foi feita a reconstituição do crime. Nas primeiras notícias sobre o assassinato era possível perceber nas entrelinhas o constrangimento dos repórteres em falar da irmã de uma colega de trabalho – com quem também já trabalhei. O mesmo ocorreria comigo, confesso.
O outro caso é ainda mais complicado. A própria jornalista, repórter de O Popular, com quem também já trabalhei em outro local, é a principal suspeita de assassinar sua empregada. O motivo teria sido o fato de a empregada ter mantido um relacionamento amoroso com o marido dela. O crime, segundo a polícia, teria sido praticado pela jornalista e pelo marido da empregada. O assassinato ocorreu em 6 de abril de 2000 e o caso está em tramitação na justiça.
Fatos desagradáveis ocorridos com jornalistas também são notícia. E a imprensa precisa tratá-los da mesma maneira que agiria com outros personagens. A solução para evitar maiores constrangimentos, a meu ver, seria agir de forma similar à dos juízes, que se declaram suspeitos para julgar um caso em que tenham qualquer tipo de envolvimento. No caso do jornalista, que seja designado um repórter que tenha o maior distanciamento possível do colega envolvido. Mesmo assim, é chato, muito chato. Mas, se simplesmente tentássemos ignorar a notícia, estaríamos agindo exatamente como os parlamentares que tanto criticamos por defender seus colegas corruptos. ´E uma questão de coerência.
Logo percebemos que, por motivos diversos, a isenção jornalística é utópica. Os interesses político-comerciais são os principais impedimentos do bom jornalismo. Mas há outros problemas também, de ordem pessoal. Nossas influências podem, sim, alterar, ainda que de forma sutil, o teor de uma reportagem.
Como acontece em todas as profissões, temos uma dificuldade ainda maior de falar sobre a própria imprensa. Como relatar, por exemplo, que o colega de redação é acusado de um crime?
Em Goiás são dois exemplos, um deles bastante recente. Segundo o delegado titular da Delegacia Estadual de Homicídios, Jorge Moreira, a irmã de uma repórter da TV Anhanguera/Globo é a principal suspeita de encomendar o assassinato do marido, o piloto Leonardo Dias Siqueira Mello, morto dentro de casa a golpes de barra de ferro na madrugada do dia 14 de janeiro. Ontem foi feita a reconstituição do crime. Nas primeiras notícias sobre o assassinato era possível perceber nas entrelinhas o constrangimento dos repórteres em falar da irmã de uma colega de trabalho – com quem também já trabalhei. O mesmo ocorreria comigo, confesso.
O outro caso é ainda mais complicado. A própria jornalista, repórter de O Popular, com quem também já trabalhei em outro local, é a principal suspeita de assassinar sua empregada. O motivo teria sido o fato de a empregada ter mantido um relacionamento amoroso com o marido dela. O crime, segundo a polícia, teria sido praticado pela jornalista e pelo marido da empregada. O assassinato ocorreu em 6 de abril de 2000 e o caso está em tramitação na justiça.
Fatos desagradáveis ocorridos com jornalistas também são notícia. E a imprensa precisa tratá-los da mesma maneira que agiria com outros personagens. A solução para evitar maiores constrangimentos, a meu ver, seria agir de forma similar à dos juízes, que se declaram suspeitos para julgar um caso em que tenham qualquer tipo de envolvimento. No caso do jornalista, que seja designado um repórter que tenha o maior distanciamento possível do colega envolvido. Mesmo assim, é chato, muito chato. Mas, se simplesmente tentássemos ignorar a notícia, estaríamos agindo exatamente como os parlamentares que tanto criticamos por defender seus colegas corruptos. ´E uma questão de coerência.
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