A charge de Thiago Recchia na edição de hoje da Gazeta do Povo ilustra com precisão didática a intensa passagem da blogueira cubana Yoani Sánchez pelo Brasil. E desmascara com igual precisão os falsos democratas que temos no país.
Afinal, protestos, manifestações, reivindicações públicas são a essência de uma nação democrática. Causar estranheza na visitante, que vive em uma ditadura, é perfeitamente compreensível. Mas o que é estranho, quase bizarro, é ver uma série de brasileiros, de norte a sul, criticarem e desqualificarem com veemência virulenta os protestos contra a visita e as posições políticas da cubana. A ponto de defenderem apenas a sua linha de pensamento. Ao que parece, se pudessem, manteriam os manifestantes longe das ruas. Ou na cadeia, com provavelmente se faz em Cuba.
Ora, a luta contra a imposição do pensamento único - entre outras óbvias questões - não é justamente o motivo do sucesso midiático de Yoani? Não haveria aí uma contradição?
"São protestos patrocinados", diriam alguns. Desculpem-me, mas dizer que um grupo de estudantes secundaristas em formação de suas posições políticas e compreensivelmente de esquerda dado à idade seja patrocinado financeiramente para protestar é duvidar da inteligência alheia. Afinal, quem, na juventude, não flertou, em maior ou menor grau com a esquerda?
A passagem de Yoani pelo Brasil tem servido, mais que tudo, para revelar a contradição de nossos supostos democratas. Ficou muito claro que, se dependesse dos que supostamente defendem a liberdade de expressão, haveria apenas aplausos à visitante ilustre. Nada de contraditório. Um raciocínio raso que equivale a dizer: "se está de acordo com o que eu penso, fale; caso contrário, cale-se". É a democracia de um lado só.
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