Sou parlamentarista. Contra a personificação de salvador da pátria que o Presidencialismo, geralmente, provoca. Mas, no sistema presidencialista, há que se seguir suas regras.
O resultado das urnas em outubro de 2014 até pode ter sido desastroso. Até pode ter contrariado 49% do eleitorado. Até pode ter sido o anúncio de quatro anos de mazelas econômicas. Mas foi o resultado das urnas, a essência da democracia.
A aventura absolutamente irresponsável de alguns líderes políticos nos dias que se seguiram ao segundo turno das eleições presidenciais, endossando a paranoica suspeita de fraude nas urnas, foi um desserviço maquiavélico que, hoje, cobra seu preço.
Não que, tecnicamente, não fosse possível fraudar um programa de computador. Mas, a logística necessária para se fraudar uma eleição presidencial, com observadores das mais variadas instituições – inclusive dos partidos concorrentes –, técnicos, autoridades, trabalhadores terceirizados, hackers a serviço da Justiça Eleitoral, OAB etc etc etc acompanhando todo o processo tornaria essa uma operação inexequível.
Sabendo disso, e tendo participado do mesmo processo eleitoral, sem nenhum questionamento nas outras esferas que não a eleição presidencial, os políticos que fizeram coro com os lunáticos, iniciando um processo de desestabilização do governo que culminou com o impeachment de Dilma Roussef e, agora, com a aparente destituição de Temer, são os grandes responsáveis pelo buraco sem fundo em que o Brasil se encontra.
Não adianta, agora, como pateticamente tentaram fazer alguns, apelar para a governabilidade, para a estabilidade e recuperação da economia e para a confiabilidade internacional do país. Já era. A irresponsabilidade está simplesmente cobrando seu preço. Não há como pacificar o país.
E, pior: ainda que a eleição indireta seja a solução constitucional para a reposição do presidente, fica a dúvida: as ruas aceitarão? Ou, até que se promova uma eleição direta continuaremos envolvidos no caos?
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