Lucia Fatorelli condena discurso do governo (F: Divulgação) |
A auditora aposentada Maria Lucia Fattorelli,
fundadora da associação Auditoria Cidadão da Dívida e uma das
responsáveis por auditorias na Grécia e no Equador, afirmou que o
governo Temer cria factoides para embutir na consciência da
população que apenas com as reformas Trabalhista e Previdenciária
o Brasil voltará a crescer. O tema foi debatido durante o segundo
dia do IV Congresso Nacional da Nova Central Sindical de
Trabalhadores (NSCT), que ocorre em Luziânia (GO) entre 26 e 28 de
junho, com a participação de mais de mil sindicalistas.
"Ao apresentar os gastos previdenciário, o
Governo Federal não considera a cesta toda. Ele pega somente a
contribuição do INSS e compara com a despesa total, desprezando
Confins, PIS, PASEP e outros recursos que fazem parte da Seguridade
Social. A conta está errada e o governo fabrica esse déficit
propositalmente e de forma criminosa", afirma Fattorelli.
Para a especialista, ao contrário do que afirma a
equipe do Planalto, a dívida pública é a grande responsável pela
atual crise econômica, mais que os casos de desvio de verbas
oriundos da corrupção. "De 1995 a 2015, tivemos um superávit
primário de um trilhão de reais. Quer dizer, o problema da crise
não está nos gastos sociais ou no investimento público, mas na
prática de juro abusivo e de amortização de um passivo sem fim,
que hoje consome 44% do Orçamento Geral da União. Gastos com saúde,
educação e Previdência, juntos, não ultrapassam os 30% desse
montante. Essa conta mostra que estamos priorizando o mercado ou
invés da população", finaliza Lucia.
O economista Márcio Pochmann, professor da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também participou do IV
Congresso e ressaltou outros aspectos importantes para o
reaquecimento da economia, como a volta de investimentos em
infraestrutura. "A dívida pública é expressiva e corrói
parte importante do orçamento nacional, sufocando o país com altas
taxas de juros. Além disso, o Brasil tem uma estrutura defasada
e em construção. Se iniciou uma renovação da nossa infraestrutura
nos anos 2000, mas não se conseguiu concluir. O Estado fez muita coisa,
mas se pressupõe um apoio do setor privado, que está acorrentado
pelo processo de financeirização das riquezas do nacionais”,
concluiu.
Da Assessoria
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