Amoêdo em campanha: Estado eficiente (F: Facebook) |
Petista. Ainda assim, esse é o rótulo meio humorístico meio raivoso que ganhei de alguns amigos e colegas de trabalho e profissão. Ficou fácil, para os sem argumentos, utilizar pejorativamente o "adjetivo" para contradizer os "adversários" pela sua absoluta incapacidade de debater. De qualquer forma, não me faz nenhuma diferença a opinião alheia sobre mim. Comento aqui apenas para contextualizar. Beijinho no ombro.
Sim, fui de esquerda - nunca comunista ou socialista, como alguns pensam, nem na universidade, apesar da convivência diária com o PCdoB. Sempre moderado, porém, nunca deixei de compartilhar das melhores ideias que a esquerda tem. Vou resumir tudo, todos os conceitos, posições, políticas em um único aspecto: atenção ao ser humano.
Lula tinha, sim, uma preocupação genuína com os brasileiros desvalidos, quem mais precisa do Estado. Nunca duvidei de sua sinceridade ao proporcionar condições de vida melhores aos pobres e miseráveis, solenemente ignorados por governos anteriores. Foi um excelente presidente. Os números da economia, o reconhecimento internacional, a representatividade que o Brasil tinha no mundo durante seus governos falam por si só. Contra números, fatos, não há argumentos raivosos que possam refutá-los.
Lula e o pequeno Jeferson, em Salvador, durante a campanha eleitoral de 2002 (Foto: Ricardo Stuckert/Campanha) |
Agora, dizer que isso ou as denúncias surgidas até agora são motivo para Lula estar preso é uma falácia. Há denúncias muito mais graves e provas contundentes contra inúmeros outros políticos, muito anteriores a Lula, inclusive, ao menos uma delas, nas mãos de Sérgio Moro, que não caminharam.
Prender um ex-presidente porque um executivo o delatou, sem nenhuma prova concreta, deixa claro que, o que há, é uma reação de vários setores da sociedade brasileira, por motivos ideológicos, políticos, partidários e, por que não, subterrâneos, às mudanças em nossa estratificação social. Ninguém, atenção!, ninguém seria preso apenas com os elementos usados para a condenação de Lula. Basta verificar, sem paixões, as análises de juristas das mais variadas extirpes, inclusive e especialmente os internacionais, que conseguem emitir um parecer distante, sem contaminação.
A madame não aceita registrar em carteira sua empregada doméstica. O apresentador de TV não aceita que um pobre compre seu carro - ele tem que continuar de ônibus, ora! O empresário não aceita que o filho do pedreiro esteja na universidade. Parte da elite brasileira - ou que pensa que é elite - quer manter cada um em seu devido lugar. É por isso, e só por isso, que Lula está preso. Lula é um preso político-ideológico.
Isto posto, creio que chegou a hora de o Brasil ter um choque administrativo de direita. Mas não a direita raivosa, preconceituosa, discriminatória, soberba, cruel. E sim uma direita moderna, que reduza a extrema e inacreditável burocracia nacional. Que tire da responsabilidade do Estado setores cujas paquidérmicas estruturas servem apenas como moeda de troca, para a nomeação de apaniguados, para abrigar larápios, para surrupiar ininterruptamente as riquezas do país.
Jamais deixarei de defender um Estado preocupado com o cidadão e responsável por educação e saúde gratuitas, universais e de qualidade. Responsável pela defesa do meio ambiente, pela segurança, pela regulação dos serviços comuns a todos. Mas, do ponto de vista econômico, temos que mudar.
Amoêdo: Estado não deve interferir na vida privada (Reprodução) |
São os pais, por exemplo, que devem decidir o que é ou não adequado para seus filhos. Não a igreja. Não os conservadores. Não os intrometidos. E essa liberdade Amoêdo defende e, ao menos para mim, a não interferência nos usos e costumes é tão ou mais importante do que os planos de governo na hora de avaliar um candidato.
Por que um Estado menor não pode ser um Estado Cidadão? Por que um Estado menor não pode ter saúde e educação de qualidade e universais? É preciso acreditar também nas nuances e não ficar preso ao preto ou ao branco.
Após vinte anos de social-democracia (sim, PT e PSDB são da mesma família), hora de virar a página, ao menos como tentativa.
Lula livre. E Amoêdo presidente.
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