A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) alerta para as consequências de "filas virtuais" e inconsistências registradas no aplicativo Caixa TEM. Nos últimos dias, aumentaram os relatos de usuários do app sobre dificuldades para a movimentação do auxílio e do FGTS emergenciais. Além de impossibilitar os beneficiários de usarem o dinheiro — na maioria dos casos, para a compra de itens de primeira necessidade e o pagamento de contas — as interrupções no aplicativo acabam levando as pessoas às agências, aumentando a exposição e o risco de contágio pelo coronavírus tanto da população quanto dos empregados do banco.
As intermitências no Caixa TEM dificultam o acesso a dados da conta digital como também a realização de pagamentos e transferências. "Além dos transtornos aos brasileiros que precisam destes benefícios emergenciais para sobreviverem, surge outro problema: o deslocamento às agências, colocando em alto risco a saúde das pessoas e dos bancários, no auge da pandemia em diversas localidades do país", ressalta o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.
Falhas em app prejudicam acesso (F: Divulgação) |
Nas redes sociais, relatos de beneficiários atestam horas de "inconsistências" e "filas" no aplicativo Caixa TEM. O banco confirmou que "pode ocorrer paradas no sistema em momentos de maiores concentrações". Segundo a direção da Caixa, têm sido registrados mais de 500 mil acessos simultâneos no aplicativo.
Na quarta-feira (14), em entrevista ao jornal Diário de Pernambuco, o presidente do banco, Pedro Guimarães, admitiu "intermitências no sistema" desde a última semana. Ele atribuiu o problema ao início do pagamento do FGTS Emergencial.
De acordo com Guimarães, a utilização do aplicativo "é muito superior do que se imaginava", com uma capacidade inicial de um milhão de usuários e que, segundo ele, já chega a 122 milhões (considerando os pagamentos do auxílio e do FGTS emergenciais, além de outros benefícios sociais pagos pelo banco por meio do app).
Conforme observa o presidente da Fenae, o governo decidiu escalonar tanto os saques quanto os pagamentos dos benefícios pelo aplicativo Caixa TEM com o argumento de que a medida evitaria as filas e aglomerações registradas nas agências do banco em diferentes locais do país. "Mas, as pessoas passaram a enfrentar novas dificuldades para ter acesso a recursos que são emergenciais, que as ajudam a sobreviver", destaca Takemoto.
Levantamento feito pelo próprio governo revelou que o auxílio de R$ 600 representa mais de 93% da renda dos domicílios mais pobres. O estudo foi divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, na última semana, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad-Covid-19) do IBGE.
FALHAS EM INFORMAÇÕES SOBRE FGTS EMERGENCIAL — Esta semana, outro problema foi apontado por usuários do aplicativo. O banco deveria ter depositado o FGTS emergencial (de até R$ 1.045 por trabalhador) na poupança digital de nascidos em janeiro, fevereiro e março. Contudo, beneficiários foram comunicados que o pagamento seria depositado "em outra data".
Segundo informações da Caixa à imprensa, "o crédito foi reprogramado para o calendário seguinte, condicionado à complementação de dados no app FGTS". Porém, ao divulgar as regras do Fundo de Garantia Emergencial, o banco não orientou os beneficiários a "completarem cadastros". Tanto a abertura da poupança digital quanto o depósito do FGTS Emergencial seriam automáticos.
"Novamente — a exemplo do que ocorreu no cadastramento ao auxílio emergencial de R$ 600 — está havendo falhas e desencontros de informações à população por parte da direção da Caixa. Isto causa dúvidas e apreensão em milhões de brasileiros que estão dependendo destes benefícios para conseguir sobreviver à crise", afirma o presidente da Fenae. "É preciso destacar o esforço e o comprometimento dos empregados do banco de diferentes setores, que têm se desdobrado para garantir o atendimento essencial à população desde o início da pandemia", reforça Sérgio Takemoto.
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