sexta-feira, 4 de março de 2022

Após quase dez anos, responsáveis pelo assassinato do jornalista Valério Luiz vão a júri popular

Trabalhei próximo a Valério Luiz em meu início de carreira, na TV Brasil Central (TBC), no final dos anos 1990. Eu, no jornalismo, ele, no esporte. Nunca fui seu amigo próximo, mas não me esqueço das referências, sempre elogiosas, dos colegas cinegrafistas em relação a ele. "O Valério nem precisava escrever o off (texto que se ouve nas reportagens televisivas), gravava direto, de cabeça", diziam, diante de minha demora de novato ao redigir a reportagem.

Pois bem, no próximo dia 14 de março pode ser que uma injustiça de quase uma década seja corrigida: o Plenário do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) será palco do júri popular que decidirá sobre o futuro dos réus acusados pelo assassinato de Valério Luiz, morto covardemente em 5 de julho de 2012, com cinco tiros, ao sair da rádio em que trabalhava. Radialista e jornalista esportivo, Valério era conhecido por seus comentários críticos e diretos.

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Segundo o inquérito policial, a sua atuação como jornalista foi o que motivou o crime, que envolveu cinco pessoas, entre elas, o cabo da Polícia Militar Ademar Figueiredo Aguiar Filho, o sargento reformado da Polícia Militar Djalma Gomes da Silva, Urbano de Carvalho Malta, Marcos Vinícius Pereira Xavier e Maurício Borges Sampaio (ex-cartorário e ex-presidente do Atlético Clube Goianiense, clube do qual Valério era torcedor e principal alvo de seus comentários na rádio em que trabalhava).

Conforme aponta o filho do radialista e assistente da acusação, Valério Luiz Filho, o atrito entre o comunicador e Maurício Sampaio vinha de longa data. Durante os nove anos em que o crime restou sem resolução, o ex-dirigente buscou meios de atrasar o julgamento e de impedir que o caso de homicídio fosse levado a Júri Popular - tentativa que felizmente não prosperou, afirma. Ainda assim, o Júri foi adiado por diversas vezes sob diferentes justificativas - a exemplo do adiamento, em 2019, a partir da alegação do juiz responsável de que não haveria estrutura para comportar julgamento de tamanha repercussão no Foro correspondente. Desde 2020, a pandemia de covid-19 veio protelando ainda mais a realização do julgamento, uma vez tendo sido determinado o adiamento de Júris pelo Conselho Nacional de Justiça.

Denise Dora, diretora-executiva da ARTIGO 19, organização que atua pela defesa e promoção do direito à liberdade de expressão e que acompanha o caso desde o início, espera que o julgamento contribua para o avanço na busca por justiça. Para Denise, uma absolvição, neste caso, seria uma medida que reforçaria ainda mais o cenário de impunidade nos crimes contra comunicadores no país e evidenciaria a insegurança dos profissionais da comunicação.

Todos esperamos justiça para Valério.


2 comentários:

Anônimo disse...

Pena que o PAI DO Valério mane DE Oliveira NÃO ESTÁ MAIS VIVO PARA VER OS ASSASSINOS DE SEU FILHO SEREM CONDENADOS PELO O CRIME. A Justiça tarda mas não falha.

Paulo Henrique Galves da Silva disse...

Verdade. Morreu com esse desgosto. Mas acredito que se fará justiça. Não há outro resultado possível.