Gabriela, até quando? (Reprodução) |
Não é de hoje que se sabe que, boa parte das torcidas organizadas dos times brasileiros são repositórios de criminosos. Sim, criminosos, e está na hora de paramos de ter receio de dar o nome correto às coisas. Só nos últimos dias vimos agressões ao jogador Luan, do Corinthians, e a um torcedor do Goiás, que estava com uma criança em uma mesa de bar, por outros criminosos, do Vila Nova, por estar com uniforme do time. Isso apenas relembrando o que me vem imediatamente à cabeça, porque se formos procurar, tem muito mais.
A responsabilidade cabe, sim, aos clubes e às Federações estaduais, bem como à CBF, entidade máxima do futebol brasileiro, com uma parcela de participação da autoridade pública. Aos clubes, porque é tácita a parceria de dirigentes com as organizadas. Ninguém quer ficar mal com a "torcida". E se releva, sempre, esses casos. Às Federações e à CBF, porque não se movimentam para endurecer a legislação contra esses animais frequentadores de estádios. À autoridade pública - e aqui incluo Justiça, Ministério Público, governos - porque não age com rigor para conter os criminosos. Uma confusão em um jogo tem, como "punição máxima" aos clubes, uma perda de mando ou um jogo com portões fechados. Muito pouco quando estamos falando de salvar vidas.
A Inglaterra só acabou com os arruaceiros hooligans quando decidiu tratar criminosos como criminosos. Foram, simplesmente, criminalizados e impedidos de entrar nos estádios. Hoje, com a tecnologia de reconhecimento facial, esse controle seria muito mais simples e efetivo. Basta os clubes desejarem, ao menos os mais estruturados. Mas não só isso. Há que se endurecer também do ponto de vista penal. Não é possível que uma simples ida ao estádio assistir ao clube do coração se transforme em uma atividade de risco. Eu mesmo, que quero levar meu filho para ver de perto a paixão nacional, ainda não tive coragem justamente por medo da violência. Nossos estádios foram sequestrados por quadrilhas disfarçadas de torcedores.
Que a morte de Gabriela reabra a discussão.
Eu, palmeirense, assim como ela, peço perdão à família.
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