Quando se trata de bebês, é natural que pais, avós e cuidadores se preocupem com diversas áreas que envolvem seu desenvolvimento. Uma das questões que mais gera dúvidas é a famosa "cabeça amassada". Muitos acreditam que o crânio do bebê fica torto devido ao hábito de dormir ou deitar sempre na mesma posição. No entanto, essa percepção está equivocada e precisa ser esclarecida.(F: Divulgação)
A fisioterapeuta especialista em Assimetrias Cranianas Lígia Conte trabalha nesta área há muitos anos, e é estudiosa na área de pesquisas que envolvem o assunto. Ela explica que, o que ocorre com a cabecinha do bebê não é culpa dos pais nem simplesmente resultado de deitar muito tempo de um lado só, embora isso possa agravar o quadro. O verdadeiro problema vem de tensões em locais específicos do corpinho do bebê, gerando torções e restrições de movimento, condição que vai além de uma questão estética e exige atenção.
"O crânio do bebê deve ser naturalmente arredondado, com uma forma convexa. No entanto, alguns Bebês apresentam áreas de planificação craniana que precisam ser tratadas, pois indicam tensões no corpo que afetam o desenvolvimento motor, trazem desvios crânio- faciais e afetam a postura", esclarece Lígia.
Diversos fatores podem contribuir para a assimetria craniana, já registrados cientificamente, como: dificuldades no parto (distocias), posicionamentos intrauterino específicos, condições materno- gestacionais e até alterações anatômicas, como a anquiloglossia (língua presa), que está sendo cada vez mais estudada em relação ao tema.
Pesquisas indicam que cerca de 12% dos bebês nascem com algum grau de assimetria craniana, segundo dados da Harvard Medical School. Para gestações gemelares, o número é ainda mais expressivo, chegando a 54%. No entanto, muitos pais e cuidadores desconhecem a condição e seus impactos, como mostrado em um estudo publicado no The Open Journal of Occupational Therapy em 2021.
"A assimetria craniana não é apenas uma questão estética. Se não tratada, pode causar desalinhamento das orelhas e dos olhos, problemas na arcada dentária, como dificuldade no fechamento mandibular, além de atrasos motores e escolioses", alerta Lígia Conte.
A boa notícia é que a assimetria craniana tem tratamento, e quanto mais cedo o diagnóstico, melhores são os resultados. O tratamento, diferentemente do divulgado amplamente nos últimos anos, não seria o reposicionamento do bebê ou o uso de capacetes moldadores, mas sim, intervenções personalizadas e altamente especializadas, feitas por fisioterapeutas habilitados.
"Procurar ajuda de um profissional qualificado o quanto antes é essencial para corrigir as tensões no corpo do bebê e garantir que ele se desenvolva de forma saudável", orienta a especialista.
Por fim, é importante desmistificar a ideia de que a cabeça do bebê "se amassa". Essa condição não pode ser negligenciada e deve ser tratada com seriedade. Para mais informações e orientações, siga Lígia Conte no Instagram: @desenvolvecrianca.
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