No dia 29 de setembro
o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) publicou no Twitter o que seria o real motivo da
surpreendente carta enviada por Jair Bolsonaro ao ministro do STF Alexandre de
Moraes após os atos golpistas de 7 de setembro, incentivados pelo mandatário e
com sua efusiva participação. Segundo o parlamentar, Michel Temer, amigo de
Moraes, havia avisado sobre a possível prisão de Carlos Bolsonaro, que seria determinada pelo
ministro.
“Bolsonaro foi avisado por Temer q Carluxo
seria preso depois depois do 7 de setembro. O Machão aos prantos ligou para
Alexandre de Moraes, implorando, pedindo perdão, e prometendo 'nunca mais' ofender o STF ou seus Ministros. Quem assistiu relata a patética e vergonhosa
cena”, escreveu o deputado.
A carta de arrego, soube-se depois escrita
por Temer, deixou irados inúmeros bolsonaristas raiz, pelo recuo vergonhoso do
comandante. Muitos afirmaram ser um “game over” para o Mito.
Continuou Pimenta:
“Quem acompanhou o desenrolar das tratativas
afirma que foi pior do que meu relato. O desespero de Bolsonaro pedindo que
Temer viesse as presas para Brasília foi 'comovente' e ainda será lembrado por
muito tempo nos escaninhos do Palácio Alvorada. Carluxo nunca mais foi visto”.
A tese defendida por Pimenta não ganhou muita
repercussão na mídia. Foi reproduzida basicamente pelos canais assumidamente de
esquerda, apesar da garantia do deputado de que a informação viera de
interlocutores do Planalto que presenciaram a cena.
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Ataques de Carluxo ao STF ficaram no passado |
De qualquer forma, Bolsonaro, desde o arrego,
nunca mais atacou o STF ou o TSE. Fraude nas urnas, não reconhecer o resultado
das eleições, convocar o Exército em caso de (iminente) derrota, ditadura do
STF, temas tão comuns no discurso do Mito, misteriosamente, desapareceram da
retórica do Planalto. Vale lembrar que, em outras ocasiões, Bolsonaro havia se comprometido a encerrar os ataques a outros poderes e nunca cumpriu o combinado.
Carluxo, por sua vez, o mais provocativo
membro da Familícia, em mais de 90 tuítes desde o 7 de setembro, nunca mais
citou qualquer tema referente ao assunto. Isso enquanto o cerco contra o
festival de rachadinhas denunciado por um ex-assessor e investigado pelo Ministério Público e pela polícia em seu gabinete na Câmara
do Rio de Janeiro começa a se fechar.
Apesar da cena difícil de acreditar de um Bolsonaro
implorando pela liberdade – ainda que provisória – do filho, o silêncio das
hienas parece dar verossimilhança ao fato.