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(Reprodução contraosagrotoxicos.org)
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Altamente tóxico e com sérios
riscos para a saúde, em especial de produtores rurais, o agrotóxico conhecido
como “paraquate”, com data prevista para o banimento em todo o território
nacional, pode ter autorização revista pela Anvisa. Parlamentares se mobilizam
para evitar que substância continue a ser usada na produção agrícola, que
resulta em recusa de mercados internacionais.
No próximo dia 22 de setembro começa a valer a norma que
proíbe a produção, importação, comercialização e uso deste herbicida no país.
No entanto, há relatos de manobras em curso visando neutralizar esta
determinação legal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) datada
de setembro de 2017.
Fabricada pela gigante mundial suíça Syngenta desde a década
de 60, e proibido em território europeu desde julho de 2007, em função de ser,
comprovadamente, depressivo, cancerígeno e mutagênico o paraquate ocupa o
oitavo lugar no ranking dos agrotóxicos mais vendidos no Brasil.
O risco da ocorrência de câncer no sistema linfático, como
casos registrados em Puglia, no sul da Itália, aumenta se há a interação entre
o paraquate e outros agrotóxicos, como o captafol e o radone. Pesquisadores
acreditam ainda que haja associação entre o uso desta substância, de alta
letalidade, e o mal de Parkinson.
No total, mais de cinquenta países já baniram o paraquate,
além de toda a união européia. Recentemente, China, Vietnã e Tailândia também
anunciaram a proibição.
Ações
Na contramão do mundo, o Brasil autorizou desde o ano passado
479 novos agrotóxicos. O índice é o maior dos últimos 14 anos. Em reunião do
conselho diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa, houve um
pedido de vista ao processo que visa adiar o banimento. Em abril, a agência já
havia tentado rediscutir a postergação do prazo, em meio a pandemia. A
tentativa não prosperou por ação do Ministério Público do Mato Grosso do Sul.
Em 2019, o deputado federal Célio Studart (PV-CE) ingressou com ação
popular na Justiça Federal visando suspender ato do Ministério da Agricultura
que havia liberado, em setembro, 63 novos agrotóxicos, tendo, inclusive, obtido
decisão liminar favorável à época. Muitos desses produtos apresentam alto grau
de toxicidade e periculosidade, além de serem proibidos em diversos países.
No último mês, Studart protocolou ofícios à Anvisa e à
Advocacia-geral da União, alertando para a possibilidade de manobras para o
adiamento do cumprimento da Resolução 177, que determinou o efetivo banimento
do Paraquate no Brasil. A bancada do Partido Verde informa que está alerta e
aguarda definições da Anvisa para adoção de todas as medidas pertinentes.