Curitiba - O ano era 1995. Dois ônibus de
estudantes da UEL seguiram rumo a Brasília para o 44º Congresso da UNE. A
articulação com a populista Assessoria de Assuntos Estudantis fora
feita pelo PCdoB, que enviara o companheiro Luciano, um ano antes,
para organizar a caravana - e garantir os votos - londrinense. A maioria
dos estudantes não tinha ideia do que encontraria.
Esse então estudante de jornalismo tomou um susto ao desembarcar na capital federal. Bandeiras vermelhas, gritos de guerra, siglas partidárias nunca vistas, um aparente clima de ódio, num momento em que o movimento estudantil já perdia sua força dentro da universidade.
_ Vocês já têm tese?, perguntou um ou uma estudante. A maioria de nós nem sabia o que era.
_ Sim, "Declare Guerra a Quem Finge te Amar", respondeu a Luciana, colega de turma e namorada do companheiro Luciano.
Foi assim que descobrimos que éramos todos eleitores de Orlando Silva, que substituiu Fernando Gusmão na presidência da UNE e, anos depois, se tornou ministro do Esporte.
Nem mesmo a posição da Enecos - a Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social, favorável ao candidato do PT (se não me engano, meu futuro amigo Olavo Noleto, de Goiânia, filho de dois espetaculares jornalistas com que trabalhei anos depois), foi suficiente para que mudasse meu voto, afinal, havia um compromisso com os comunistas, ainda que os termos não tivessem ficado claros até então.
Para quem não sabe, as votações das teses (propostas) de cada grupo são - ou eram - feitas por amostragem. Levanta-se o crachá e pronto. Quando há dúvidas, faz-se a contagem cara-crachá. Em um desses casos, não arredei pé. A proposta do PT e aliados era garantir espaço no jornal da UNE para os derrotados. O PCdoB queria manter o controle editorial sem interferências. Foi necessária a contagem individual. Saí pela porta de contagem dos votos das minorias, escondendo qualquer elemento que me identificasse como da turma do outro lado. "É mais seguro assim", me alertaram. Perdi. O PCdoB ganhou aquela votação e o Congresso como um todo.
Os gritos de guerra contra os "pelegos", a direita, o capitalismo nunca saíram da memória. A tensão daqueles momentos também não. PSTU, UJS, PCO foram palavras adicionadas ao vocabulário.
E foi assim que votei no PCdoB sem nunca ter sido comunista.
Esse então estudante de jornalismo tomou um susto ao desembarcar na capital federal. Bandeiras vermelhas, gritos de guerra, siglas partidárias nunca vistas, um aparente clima de ódio, num momento em que o movimento estudantil já perdia sua força dentro da universidade.
_ Vocês já têm tese?, perguntou um ou uma estudante. A maioria de nós nem sabia o que era.
_ Sim, "Declare Guerra a Quem Finge te Amar", respondeu a Luciana, colega de turma e namorada do companheiro Luciano.
Foi assim que descobrimos que éramos todos eleitores de Orlando Silva, que substituiu Fernando Gusmão na presidência da UNE e, anos depois, se tornou ministro do Esporte.
Nem mesmo a posição da Enecos - a Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social, favorável ao candidato do PT (se não me engano, meu futuro amigo Olavo Noleto, de Goiânia, filho de dois espetaculares jornalistas com que trabalhei anos depois), foi suficiente para que mudasse meu voto, afinal, havia um compromisso com os comunistas, ainda que os termos não tivessem ficado claros até então.
Para quem não sabe, as votações das teses (propostas) de cada grupo são - ou eram - feitas por amostragem. Levanta-se o crachá e pronto. Quando há dúvidas, faz-se a contagem cara-crachá. Em um desses casos, não arredei pé. A proposta do PT e aliados era garantir espaço no jornal da UNE para os derrotados. O PCdoB queria manter o controle editorial sem interferências. Foi necessária a contagem individual. Saí pela porta de contagem dos votos das minorias, escondendo qualquer elemento que me identificasse como da turma do outro lado. "É mais seguro assim", me alertaram. Perdi. O PCdoB ganhou aquela votação e o Congresso como um todo.
Os gritos de guerra contra os "pelegos", a direita, o capitalismo nunca saíram da memória. A tensão daqueles momentos também não. PSTU, UJS, PCO foram palavras adicionadas ao vocabulário.
E foi assim que votei no PCdoB sem nunca ter sido comunista.