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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Consumidor quer informações sobre origem da carne em embalagem, mas higiene e preço do produto ainda é o que mais pesa na hora da compra

Freepik/fabrikasimf
O que mais importa na hora de decidir comprar carne no supermercado? Preço, condições de higiene, impacto ambiental, bem-estar animal? Para tentar entender qual é a percepção das pessoas consumidoras sobre o consumo de carne, o Idec (Instituto de Defesa de Consumidores) encomendou uma extensa pesquisa sobre o tema, incluindo também o tema dos alimentos feitos à base de plantas para substituir a carne, os chamados plant-based. A pesquisa inédita foi realizada pelo Instituto Locomotiva em agosto de 2023, e ouviu mil pessoas nas cinco regiões do Brasil. Todas elas com 18 anos ou mais, sendo 58% dos entrevistados da classe C e a maioria residente de alguma capital brasileira.

Dentre os principais resultados, destaca-se o interesse do consumidor em saber o que come: 9 em cada 10 pessoas afirmaram que as informações do rótulo/embalagem são levadas em consideração para escolher um alimento e, entre os que costumam comprar carne, 86% procuram informações sobre a origem desses produtos. Ainda entre os compradores de carne, 95% disseram que a origem deste alimento seria levada em consideração na hora da compra se tivesse essa informação no rótulo/embalagem. No entanto, ainda não há legislação que obrigue essa informação nos produtos. 

Outro dado importante da pesquisa é que, apesar do interesse em saber o que se come, o que realmente é mais importante na hora de decidir pela compra ou não da carne são as condições de higiene tanto da carne (34%) quanto do local de venda (20%). O preço foi o terceiro ponto relevante, citado por 16% dos entrevistados como o mais importante. 

Por outro lado, apenas 4% dos participantes consideram que o mais importante é como os animais são tratados e 2% consideraram o impacto da agricultura e da produção de carne nas mudanças climáticas. 

A coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto, Laís Amaral, reforça que o Guia Alimentar para a População Brasileira enfatiza a importância da manutenção da cultura alimentar do país, que inclui a carne. O que não significa que devemos ignorar seu consumo excessivo e a forma como ela chega à mesa. "O Guia também aponta a necessidade de pensarmos a sustentabilidade da produção de alimentos, é essa a reflexão que queremos fazer. E como o consumidor pode realmente ter informações de que aquele produto que ele consome não é resultado de desmatamento, por exemplo", explica Amaral. 

Plant-based, o falso saudável

Pensando também em entender como a população tem tido acesso a produtos vendidos como possíveis substitutos da carne, foram elaboradas questões sobre os plant-based. Os resultados mostraram que 35% já consumiram algum produto plant-based ou à base de plantas, sendo que 1% afirma que consome esses produtos com frequência. 

Quanto aos motivos de consumi-los, 88% daqueles que consomem esses produtos afirmam que levam em consideração as informações sobre sustentabilidade e saúde existentes em suas embalagens/rótulos. Entre os entrevistados que conhecem algum produto plant-based, 51% os consideram mais saudáveis que a carne, sendo que 30% os consideram muito mais saudáveis.  

"Essa é nossa preocupação com os plant-based. Eles são vendidos como mais saudáveis e mais sustentáveis mas, na verdade, a grande maioria também são produtos ultraprocessados, ou seja, aqueles que o Guia Alimentar recomenda que sejam evitados", explica a coordenadora do programa de Alimentação do Idec. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Engajados: quase 90% dos consumidores no Brasil optam por marcas sustentáveis

Procedência e sustentabilidade: as marcas do novo consumidor

Uma pesquisa realizada pelo Union + Webster, aponta que 87% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis. O público está mais exigente tanto com a qualidade dos produtos e serviços quanto com a procedência deles. Além disso, 24% da população brasileira é da geração Z, jovens nascidos entre 1999 e 2019, tornando-os o segundo maior público consumidor do país, atrás apenas dos millenials — a geração nascida entre 1981 e 1998.

Com jovens mais engajados em causas sociais e ambientais, pode ser difícil para uma empresa sobreviver nos dias atuais sem se preocupar com esses temas. Por outro lado, além de visar o lucro, grande parte dos negócios (principalmente aqueles que têm como cliente final o consumidor jovem) tem se reinventado e focado em ações que diminuam o impacto negativo de suas ações no planeta e na sociedade em que estão presentes.

Achiles Junior: consumidor evoluiu
Para o professor de Marketing Digital do Centro Universitário Internacional Uninter, Achiles Batista Ferreira Junior, as pessoas não querem mais apenas um produto bem elaborado. ‘‘O fato é que o consumidor evoluiu e, assim como o mercado está em constante mudança, a sua satisfação passa por um processo de adequação, uma vez que envolve algo mais que um bom produto com características positivas ou serviço prestado. Quem compra quer ver resultados tangíveis, dados, números reais que passam a ser medidos levando em consideração os aspectos sociais, ambientais e econômicos, sendo que, especificamente no quesito social, trata do capital humano de uma empresa ou sociedade. Ou seja, nesse novo mercado, definitivamente não basta ser bom, tem que parecer ser bom e provar em todos os aspectos suas qualidades, com um ciclo definido, como começo, meio e fim’’, afirma.

O número de 87% mostra que essa conscientização que os jovens têm trazido à tona em forma de discussão e diálogo tem tomado maiores proporções e atingido outras gerações. A constante busca e o vasto crescimento de ofertas relacionadas a produtos considerados sustentáveis por parte das empresas e dos consumidores brasileiros aponta um novo nicho de mercado. ‘‘Essa é uma tendência mundial, influenciada, muitas vezes, pela democratização da informação que aproximou a realidade do mundo’’, diz o especialista.

Fatores antes vistos como menos importantes, tais como a preocupação com meio ambiente, logística reversa, tempo de decomposição, qualidade de vida e desenvolvimento regional, por exemplo, agora passam a ser prioridade para um consumidor que, acima de tudo, tem estado mais consciente dos impactos da indústria e comércio no meio ambiente e na sociedade como um todo.