Aécio: ações pela instabilidade (F: Jefferson Rudy/Senado) |
No início do ano passado, quando as idas e vindas no sentido de desestabilizar e derrubar o governo começaram a provocar resultados desastrosos para os próprios tucanos, Aécio, em um raro exercício de sinceridade, comentou com seu então amigo e financiador Joesley Batista que sua atuação havia sido apenas para dificultar a vida de Dilma, sem se preocupar com os resultados para o país. “Lembra depois da eleição? Os filhas da puta sacanearam tanto a gente, vamos entrar com um negócio aí pra encher o saco deles também”, disse, em gravação flagrada pela Polícia Federal, sobre o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer, outra contribuição para o caos.
Em setembro de 2017, uma pesquisa encomendada pelo aliado Democratas indicava que o PSDB era o partido mais impopular do país, com rejeição de 75%. Os artifícios político-jurídicos para livrar Aécio, flagrado pedindo R$ 2 milhões para Joesley Batista (em áudio e vídeo), da perda de mandato, pesaram. Os malabarismos retóricos para tentar convencer a população de que o Ministério Público, a Polícia Federal e o Judiciário agiram certo contra o PT e errado contra o PSDB também não convenceram.
A má-fé e irresponsabilidade tucanas, porém, já haviam provocado estragos difíceis de serem recuperados. A paranoia criada por Aécio contra a segurança das urnas serve, agora, para Jair Bolsonaro (PSL) afirmar – apesar de posterior recuo – que não aceitará resultado diferente de sua vitória. Para o candidato radical, elas funcionaram apenas para as suas eleições anteriores – e de seus três filhos. Nestas, elas não falharam.
Independentemente do providencial recuo de Bolsonaro, caso Fernando Haddad (PT) vença as eleições, como apontam as simulações de segundo turno de alguns institutos, lamentavelmente, a previsão é de uma nova onda de ataques à Justiça Eleitoral, incitação à desobediência civil e desestabilização do futuro governo.
Neste cenário, caberá a todos os demais partidos, especialmente os responsáveis pela derrubada de Dilma, um pacto pela estabilidade e governabilidade. Diferenças deverão ser deixadas de fora. O Brasil não aguenta mais instabilidade político-econômica. É o mínimo que poderão fazer após o mal que fizeram ao país.