Debates
só serão realizados onde houver acordo para a participação dos
quatro candidatos mais bem colocados em pesquisa eleitoral
De acordo com comunicado interno divulgado hoje pela direção de
Jornalismo da Globo, com as restrições impostas pela pandemia, a
Globo decidiu que só fará debates no primeiro turno das eleições
municipais onde houver acordo entre os partidos para que apenas os
quatro mais bem colocados candidatos na pesquisa eleitoral mais
recente (Ibope ou DataFolha) participem dos debates. Pelos mesmos
motivos, as entrevistas em estúdio com os candidatos também não
serão feitas.
Abaixo o comunicado com todos os detalhes, no qual a Globo garante
uma cobertura das eleições ainda mais extensa que em anos
anteriores, com assuntos temáticos, abordando com mais intensidade
aqueles de maior interesse do público revelados por pesquisas:
Comunicado
“Desde o início da Pandemia, a Globo tem se esforçado ao
máximo para esclarecer o público sobre como evitar o contágio pelo
coronavírus. Como prestam um serviço essencial, seus jornalistas
não pararam de trabalhar, mas seguem um rígido protocolo para
evitar ao máximo que adoeçam.
No planejamento para cobrir as eleições municipais, acreditou-se
que o país chegaria a outubro com taxas de contágio sob controle, o
que, infelizmente, não ocorrerá. Há outro aspecto: o elevado
número de candidatos a prefeito em quase todas as cidades, como Rio
de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, para citar apenas três, com
dez ou mais candidatos. Isso impõe grandes desafios.
Para se ter uma ideia, com dez candidatos, considerando que cada
um possa ser acompanhado de apenas dois assessores (no passado esse
número era superior a dez), haveria 30 pessoas ligadas às campanhas
no estúdio num debate de primeiro turno. Acrescentando a equipe da
Globo minimamente necessária para realizar o evento com qualidade,
esse número supera 200 pessoas, incluindo jornalistas, câmeras,
produtores, profissionais da sala de controle técnico, tecnologia,
comunicação, operações e segurança (num debate normal, com
plateia e convidados, é o dobro disso). Não há protocolo sanitário
que garanta a saúde aos profissionais da Globo e aos candidatos.
Além disso, a severidade da legislação eleitoral não permite
que a Globo possa exigir que sejam cumpridas as medidas de precaução
(realização de certo número de testes necessários anteriores ao
debate, afastamento entre as campanhas no estúdio, respeito aos
espaços delimitados pelos painéis de acrílico, posicionamento no
estúdio, uso de máscara o tempo todo por assessores). Também não
permite que o candidato seja impedido de participar do debate ou dele
afastado caso não cumpra as medidas. Isso é grave. Recente ato
oficial em Brasília mostrou que, mesmo medidas de precaução, como
painéis de acrílico separando autoridades, uso de máscaras e
presença limitada a um mínimo, não evitaram que um surto fosse
atribuído ao evento.
A alternativa de fazer um debate de forma remota não é possível.
Os candidatos precisam ser tratados de forma equânime e ter as
mesmas condições, e o público precisa perceber isso. Um candidato
pode injustamente ser acusado de estar com ponto eletrônico, de
estar recebendo ajuda de assessores, por exemplo. A transmissão pode
cair num momento importante do debate, e a Globo ser injustamente
acusada de ser a culpada ou, da mesma forma, e também de forma
injusta, o candidato ou sua campanha serem acusados de terem
provocado a interrupção para fugir de um momento difícil.
Por tudo isso, a Globo decidiu que só fará debates no primeiro
turno onde haja acordo entre os partidos para que apenas os quatro
mais bem colocados candidatos na pesquisa eleitoral mais recente
(Ibope ou DataFolha) participem dos debates. A Globo vai lutar por
esse acordo. O debate de segundo turno permanece com a data
prevista.
Da mesma forma, as entrevistas em estúdio com os candidatos
também não serão feitas. A característica dessas entrevistas é
terem tempos iguais para todos e mesmo grau de dificuldade. São
feitas em muitos dias consecutivos, com os candidatos sentados
próximos dos entrevistadores e dos câmeras. E os candidatos
comparecem a elas com assessores. É impossível conhecer o nível de
exposição de candidatos ao vírus durante uma campanha. Não se
pode garantir como interagem com os eleitores nas ruas.
Os estúdios da Globo são ambientes altamente controlados para
evitar contágio de seus profissionais. O risco de submeter suas
equipes ao coronavírus por dias seguidos de contatos com candidatos
em permanente exposição às ruas é muito alto. Pelas mesmas razões
elencadas sobre debates, não é possível realizá-las de maneira
remota.
Essas medidas são válidas para todas as quatro emissoras Globo
(Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Recife onde há
eleições) e recomendadas a todas as suas afiliadas, que seguem o
mesmo protocolo.
Fora esses pontos, a Globo fará uma cobertura das eleições
ainda mais extensa que em anos anteriores, com assuntos temáticos,
abordando com mais intensidade aqueles de maior interesse do público
revelados por pesquisas, esmiuçará os planos dos candidatos, a
viabilidade deles e como pretendem alcançá-los, os pontos polêmicos
de cada candidatura, ouvindo diariamente os candidatos sobre os temas
abordados, mas de forma segura. E divulgará pesquisas eleitorais do
Ibope e/ou DataFolha.
O jornalismo fará o que tem feito ao longo de toda essa pandemia:
oferecer informação de qualidade, mas seguindo todos os protocolos
sanitários. E precisa dar o exemplo. Não pode cobrar dos outros o
que não faz para si”.