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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Professores e estudantes protestam contra intervenção de Bolsonaro na UFG

Última colocada, Angelita é nomeada reitora por Bolsonaro 
Em mais um atentado contra o processo democrático e a autonomia universitária, Jair Bolsonaro (PL) interviu no processo de escolha de reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) nomeando a professora de jornalismo Angelita Pereira de Lima para comandar a instituição. Angelita foi apenas a terceira mais votada na eleição, que teve como vencedora Sandramara Matias Chaves. Para honrar o nome da instituição em que é docente, especialmente na defesa da Democracia, tema tão presente nas faculdades de comunicação, Angelita deveria declinar da nomeação.

Abaixo, nota de repúdio emitida por entidades de professores e estudantes.

"Nota de repúdio contra a intervenção do Governo Bolsonaro em nomeação de nova reitora da UFG

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos das IFEs do Estado de Goiás (Sint-Ifesgo), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFG, a Associação de Pós-Graduandos da UFG, a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), a União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO), a União Nacional dos Estudantes(UNE) e a Associação de Egressos e Egressas da UFG repudiam a postura antidemocrática do presidente Jair Bolsonaro, que decidiu não nomear a professora Sandramara Matias Chaves como reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), mesmo tendo sido a mais votada em consulta à comunidade universitária. O ato de Bolsonaro e seu ministro da Educação desrespeita a vontade da maioria dos professores, estudantes e trabalhadores técnico-administrativos da instituição e despreza a autonomia universitária.

A existência da autonomia universitária é tão importante que foi colocada na Constituição Federal, em seu artigo nº 207, como um direito fundamental para o funcionamento das universidades e instituições federais de ensino. Ela garante uma gestão independente, livre e plural, administrativamente e na produção da ciência e do conhecimento a serviço da sociedade, independente de governos e gestores. Ao desrespeitá-la, Bolsonaro quebrou uma tradição de décadas, que pode provocar instabilidade na UFG, e faz parte do projeto político deste Governo e seus generais que promovem o desmonte da universidade pública e o avanço do autoritarismo.

Bolsonaro desrespeitou a escolha da comunidade universitária, assim como desrespeita o povo brasileiro diariamente, com sua política desastrosa na educação, saúde, economia, meio ambiente e ciência. Desde o início do seu mandato, o presidente já escolheu mais de 20 reitores que não foram eleitos de forma democrática. Trata-se de um enorme retrocesso contra a democracia da universidade, promovido por um governo que reafirma diariamente seu perfil autoritário e coloca em risco a estabilidade do ambiente universitário.

Adufg-Sindicato, Sint-Ifesgo, DCE, APG UFG, ANPG, UEE, UNE e Egressos reafirmam seu compromisso com o respeito à vontade legítima da comunidade acadêmica, que fez, dentro dos marcos legais, sua escolha de quem deveria administrar a UFG nos próximos quatro anos. As entidades manterão a defesa intransigente do papel do Estado na garantia do ensino público gratuito federal no País.

Em defesa da autonomia universitária! Reitora eleita é Reitora empossada! Fora Bolsonaro!

Goiânia, 11 de janeiro de 2021"

Atualização: 12/01/2022

Os desdobramentos do caso revelam que a professora Angelita Lima integra o mesmo grupo da candidata mais votada, Sandramara Chaves. Em entrevista a O Popular, Angelita lamentou sua nomeação e ressaltou que o grupo permanecerá unido na gestão da UFG.

Ficou claro que a decisão de Bolsonaro teve como único objetivo confrontar a comunidade universitária. Até porque, Angelita é filiada ao PT, partido que, provavelmente, derrotará o candidato do Centrão nas eleições de outubro.