Pois é, nada como um dia após o outro. Alvo de gritaria bolsonarista nas redes sociais, o fim da isenção de impostos sobre produtos importados de até US$ 50 (cerca de R$ 250) vem sendo defendido com unhas e dentes pelos empresariado alinhado à extrema direita brasileira. Um dos ícones do bolsonarismo, Luciano Hang, dono da Havan, é um deles. Sua assessoria divulgou que o parceiro das motociatas do inelegível Bolsonaro (PL) está empenhado em convencer deputados a aprovar o projeto que revoga a isenção. O argumento? O de sempre, quando o empresariado quer defender lucros maiores mas não têm coragem de assumir: a manutenção dos empregos.
“O que os nossos representantes precisam colocar em discussão é a ameaça aos postos de trabalho no Brasil. Nós, empresários, comerciantes e entidades não estamos pedindo um aumento de impostos, mas a igualdade e isonomia de mercado. Ou todos pagam ou ninguém paga. Podemos também vender produtos com 50% de desconto se não pagarmos impostos, assim como fazem os estrangeiros e ainda nos tornarmos mais competitivos”, afirma Hang.
O empresário alerta ainda para o impacto nas pequenas e médias empresas. “Se a preocupação chegou às grandes empresas brasileiras, as menores já foram impactadas há muito tempo. Nossas empresas pagam mais de 90% em impostos, enquanto as asiáticas nada contribuem. Isso não é justo com nosso povo”, reforça o dono da Havan.
O projeto é de autoria do governo, mas a alteração em questão, que acaba com a isenção, é do relator, deputado Átila Lira (PP-PI).
Ou seja, quando se quer garantir vantagens, a pauta ideológica passa longe.