Hoje se comemora o Dia Nacional das Abelhas, um dos grupos de polinizadores mais afetados pelo uso massivo de agrotóxicos. E, nessa mesma data, o governo brasileiro dá mais uma demonstração da importância que dá para os agrotóxicos em sua gestão.
Mantendo ritmo sem precedentes, o governo liberou, nesta quinta-feira, mais 57 agrotóxicos. Até o momento, já são 410 novos registros concedidos desde o início deste ano - número que por si só já supera o total de quase todos os anos anteriores (com exceção apenas de 2017). “O governo continua seus desmandos com a saúde da população e integridade do nosso meio ambiente. Mais uma vez a gente recebe a sinalização que o sistema agrícola como está, fortemente dependente de veneno, tem mais valor que a saúde da população e integridade do nosso meio ambiente. Esse novo ato justamente no Dia das Abelhas é um forte lembrete do que está acontecendo”, afirma Iran Magno, da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil.
O ritmo das aprovações de agrotóxicos é, de longe, o mais acelerado da última década. “Se já batemos recordes de anos anteriores inteiros e estamos apenas em outubro, chegaremos ao fim de dezembro com um triste recorde. Muitos desses produtos são proibidos na União Europeia, por exemplo. Por que a população brasileira pode consumi-los? Como que o fato de sermos um país tropical justifica que produtos banidos na UE para proteção de sua população e recursos naturais possam ser usados aqui? Reduzir gradualmente o uso de agrotóxicos é um pedido completamente razoável. O que não é razoável é continuar envenenando nossa população”, completa Magno.
No novo ato, o nível toxicidade dos produtos já está no novo formato proposto pela ANVISA, adotado sob a justificativa de que o Brasil precisa se adequar a padrões globais. “Esse é o primeiro ato que deixa mais claro o impacto da adoção da metodologia GHS. Diferente de todos os outros, esse ato traz só um produto classificado como extremamente tóxico. O que não podemos esquecer é que a nova forma de análise atribuiu os mais altos níveis de toxicidade apenas para produtos com risco de morte por ingestão ou contato. Mudar a classificação não elimina o fato que os agrotóxicos continuam sendo veneno e com efeitos na saúde das pessoas e trabalhadores do campo, como potencial de causar cegueira e corroer a pele, antes fatores de peso na análise toxicológica”, diz Iran.
- Número de agrotóxicos aprovados nos anos da última década
- Em 2019, 410 produtos (até 03 de outubro);
- Em 2018, 422 no ano;
- Em 2017, 405 no ano;
- Em 2016, 277 no ano;
- Em 2015, 139 no ano;
- Em 2014, 148 no ano;
- Em 2013, 110 no ano;
- Em 2012, 168 no ano;
- Em 2011, 146 no ano;
- Em 2010, 104 no ano.
- Em 2019, 410 produtos (até 03 de outubro);