Depois da denúncia feita pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) e mais nove parlamentares do PSB de compras de 80 mil cervejas, além de conhaque e uísque para as Forças Armadas, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, disse que proibiu a aquisição de bebidas alcoólicas pela pasta com dinheiro público. “Nós já fizemos uma recomendação para que isso seja evitado. Não vou comentar situações que ocorreram no passado. O pessoal vai para uma atividade estressante, quando voltavam (sic) era feita uma confraternização... Isso é feito hoje em dia com contribuição de cada um”, afirmou o ministro nesta quarta-feira (12) à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Ele atendeu à convocação aprovada pelos deputados.
“A medida adotada pelo ministro é uma prova de que a compra desses itens foi imoral. Além da cerveja, o governo gastou milhões com toneladas de picanha, filé, bacalhau e salmão, alimentos que não estão no cardápio da maioria dos brasileiros. No caso das bebidas, a justificativa é de que seriam para eventos festivos. É um absurdo, em plena pandemia, nesse momento de dificuldade, o governo ter esse tipo de gasto”, ressalta o deputado Elias Vaz.
Os parlamentares denunciaram em fevereiro as compras de alimentação de luxo com dinheiro público. Eles identificar no Painel de Preços do Ministério da Economia processos de compra de 714 mil quilos de picanha; 80 mil cervejas, inclusive com exigência de marcas como Heineken e Stella Artois; mais de 150 mil quilos de bacalhau; 438,8 mil quilos de salmão; 1,2 milhão de quilos de filé mignon, além de uísque 12 anos e conhaque. As denúncias foram apresentadas ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União. O MPF distribuiu a representação aos estados e já foram instalados mais de 20 processos de investigação. O TCU recomendou a fiscalização das compras.
Conluio de empresas
O consultor jurídico do ministério da Defesa, Idervânio da Silva Costa, acompanhou o ministro Braga Netto à Comissão e afirmou que a pasta irá pedir fiscalização do TCU em licitações realizadas em 2020 e 2021, com indícios de esquema entre empresas e fraude apontados por Elias Vaz e outros deputados do PSB. Os parlamentares identificaram que empresas de parentes participaram de licitação, inclusive com o mesmo telefone, o mesmo endereço e o mesmo preposto.